A juíza Helícia Vitti Lourenço, do Núcleo de Audiências de Custódia de Cuiabá, determinou a internação do policial militar aposentado Jerfson Santana Vieira, preso em flagrante após agredir a repórter Angélica Gomes de Silva, da TV Vila Real, durante cobertura jornalística de um acidente causado por ele, na noite de terça-feira (26), em Cuiabá.
Na decisão proferida nesta quarta-feira (27), a magistrada converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, com determinação para que o custodiado seja encaminhado a um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou outro nosocômio especializado.
A juíza ainda instaurou incidente de insanidade mental para confirmar diagnóstico de esquizofrenia e destacou a necessidade de tratamento emergencial:
“Determino, ainda, que o custodiado seja imediatamente encaminhado para tratamento médico de urgência na UPA Verdão para a verificação de um profissional da área da saúde visando avaliar a necessidade de estabilização do possível quadro de surto psicótico”, disse a magistrada.
O caso
Segundo as investigações, Jerfson bateu várias vezes o carro que dirigia contra outro veículo e, em seguida, atropelou um motociclista, que sofreu ferimentos graves e foi levado ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
Durante a cobertura do acidente, o policial aposentado partiu para cima da equipe da TV Vila Real, derrubando a câmera e desferindo um soco no rosto da repórter.
No interrogatório, o PM aposentado afirmou não lembrar do ocorrido:
“Não lembro, é apagado da minha mente, realmente é apagado, apagado”, declarou.
Ele também relatou ouvir vozes, disse ter abandonado o tratamento psiquiátrico por dificuldades financeiras e chegou a admitir que saiu de casa com a intenção de matar e morrer:
“Se tivesse armado, mataria todos que estivessem em sua frente.”
Durante o depoimento, Jerfson apresentou frases desconexas:
“Minha tormenta não era direta, tinha só um pouco, não, um monte. Eu expulsava, virava, desatava e vazava embora, e daqui a pouco vinha com o tanto.”
Próximos passos
Após as avaliações médicas, a prisão preventiva deverá ser convertida em medida de internação. Até a disponibilização de vaga em hospital psiquiátrico, o policial ficará em uma sala especial de um batalhão da PM, conforme determinou a juíza:
“Converto a prisão preventiva em medida de internação em hospital a ser indicado pelo médico, a ser providenciado pelo Batalhão da PM (por ser policial da reforma), sendo que, no caso de ausência de vaga em estabelecimento adequado, ele deverá ser mantido sala especial no batalhão da PM e protegida sua integridade física e psíquica, até o surgimento da respectiva vaga.”